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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Favela

FAVELA


Perguntei certa vez a uma de minhas turmas se eles sabiam definir “favela”. Uma chuva de respostas me foi dada. Umas sem nem razão pra existir, outras mais conceituais, outras mais subjetivas... Contudo uma me chamou a atenção, quando, um aluno disse que favela era lugar de pobre e marginal. Isso criou um verdadeiro alarido de argumentos. Entretanto, eram argumentos na sua maioria de opiniões favoráveis ao colega. De repente, levantou-se do seu canto uma garota e disse:
- E digo mais, 95% daquele povo lá é marginal!
Isso fez levantar em mim o desejo de esclarecermos esse levantamento tão cruel. Busquei nos números uma tentativa de amenizar os percentuais da garota. Logo lhe fiz uma pergunta:
- Diga-me, quanto é 95% de 100?
Ela olhou para mim, meio que com susto. Haja vista eu não ser seu professor de matemática. E então me tascou:
- Sei lá professor! – falou com certa irreverência, desconhecimento e leve grau de estupidez.
Alguém responde:
- Dá 95, professor!
Toda turma em silêncio olhava para mim como que aguardando o certo ou errado da resposta do Alguém. Mas eu precisava fazer uma caminhada por meio dos conceitos até chegar à resposta dada.
- Sabemos que o conceito dado a favela pode variar de bairro de lata a musseque como costumam denominar essa geografia os angolanos. Sabemos ainda que a palavra tem um teor em si muito pejorativo e, que muita discussão há em torno disso. Contudo o que são conceitos verbais diante da realidade de uma favela.
Áreas degradadas, regiões urbanas de baixa qualidade de vida, falta de infraestrutura, baixo poder aquisitivo, alta taxa de mortalidade, construções instáveis e inadequadas, subdesenvolvimento, bolsões de miséria, expressão maior da desigualdade social, da má distribuição de renda, etc.
Todas as expressões ditas são predicativos pejorativos desses lugares onde vive gente, onde nasce gente, onde principalmente existem pessoas honestas.
Portanto meus queridos alunos, 95% também é uma forma de denegrir a imagem das favelas. E para acrescentar, digo-lhes: se hoje nós tivéssemos esse número de marginais, com certeza, estaríamos em situação muito provável de sermos marginais.
João Cabral diz em seu poema épico Morte e Vida Severina quando Severino Retirante tenta se jogar da Ponte do Pina, área rodeada de favelas e palafitas: “E não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida; mesmo quando é assim pequena a explosão como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida severina”.
Não me contive. Li. Li a maior lição de vida em contrapartida da morte já registrada por alguém.
Percebi então que existe discriminação contra negro, índio, pobre, homossexuais, idosos, feios, nordestinos, mulheres, prostitutas e também contra favelas.


Ricardo Antônio – 22/06/2009

domingo, 14 de junho de 2009

PRODUÇÃO DISCENTE


Instante

Estava exausta do trabalho. Sentia dores. Cheguei diante de minha porta. Suspirei. Meu corpo parecia feliz. A cama estava a minha espera, mas minh’alma queria mais. Derrubei a bolsa. Peguei a chave. Entrei. Aquela visão monótona da casa não agradava o espírito. Começava a chover. Me deitei. O frio dava uma sensação aconchegante. Contudo, meus olhos teimavam em não fechar. Percebi que a noite seria longa. Mesmo cansada, o sono não me vinha. Fui à cozinha. Peguei uma xícara de café. O som da chuva me chamou até a janela. Tudo o que eu queria naquele instante era fugir de mim. Expandir para todo o mundo tudo que estava a sentir e, que por um motivo inexplicável, o trabalho me tomara. As lágrimas começavam a correr-me o rosto e se misturava a contemplação daquele momento chuvoso. Tão perto de mim, tão longe dos meus olhos. Por um instante esvaziei a mente como se as lágrimas que rolaram dos meus olhos tivessem levado meus desejos, sonhos, anseios, problemas, tudo. Tudo, enfim, que me perturbava. A xícara esvaziou e sono enfim chegou-me...

Débora Kelly
1º ano A – da Escola de Referência em Ensino Médio Professor Arnaldo Carneiro Leão – Paulista – PE
Junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

TIRINHAS

TIRINHAS

DIÁLOGOS RÁPIDOS

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