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sexta-feira, 22 de maio de 2009

CRÔNICA

A INSIGNIFICÂNCIA DO SER




Estava a pensar nos meus desejos, de repente, percebo-me diante daquela minúscula vida...
Tem desejos, será que tem desejos? A parede do quarto, para mim um pequeno universo, para ele, ela, não dá pra saber, uma vida... Talvez esteja a me observar. Terá um objetivo? Busca algo? Voltar para seu lar, quem sabe, esta última palavra não está a combinar, mas vale a intenção. Sua caminhada me valem alguns poucos alongamentos de dedos. Contudo aquela vida tem um desejo traçado, enquanto eu estou a divagar, sem nexo. A certeza do que quero de verdade, ao menos, não tenho.
Porém quando volto ao pequeno vejo uma rota de um padrão mecânico, automático, sem reflexão. Então volto à minha importância, e me percebo na morfologia das palavras, sou o substantivo na sua força de regente. Sou próprio, concreto, primitivo, no anseio de ser coletivo.
Mas continua lá, em contraste com a alvura parediana. Vem-me uma vontade de esmagá-lo, a palma da mão seria suficiente, esqueço por um instante...
Entretanto por que continuo esse martírio, delírio, tormento entre dois seres que aparentemente não têm nada a ver.
A imaginação me faz mergulhar na vida dele, trocando os papéis. Eu nele não sou quase nada, volto para mim, dou-me, então, conta do quanto é grande e múltipla a minha existência, visto que pensar é um diferencial na combinação das nossas vidas. Entretanto ele é uma vida, não vale nada uma vida?...
Estamos fechados neste quarto, noite quente, em frente ao computador, eu, em frente à parede, ele, meu algoz momentâneo, um reflexo do instinto. A vida passa ao nosso redor, ou seja, fora daquele espaço. Passeios, baladas, sexo, violência, reflexões, alegrias, tristezas, dores, sonos etc. Nós dois... Aqui também a vida passa, lentamente, passa...
Entre mim e esse insignificante ser há algo em comum, já que estamos abraçados à solidão desse quarto e da noite.
Já não há mais embate, cumpri a missão dos poderosos[R1] , aniquilei-o. Já não sou tão mais importante agora, perdi minha dignidade de reflexão. Agora só resta a vida pensante... Será?!

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